23 de janeiro de 2010

E num instante tudo pode mudar

Sábado de manhã, programa calmo, ver a casa nova da Mary. Sem stress, pequeno-almoço nas calmas, café com eles e com os miúdos. Ao entrarmos na avenida da Índia, passa por nós um Audi A6 ou A8, nitidamente desvairado. Seguimos atrás dele, sempre com comentários de que o condutor não pode estar bem. Passamos o semáforo do Egas Moniz, estamos quase a chegar ao semáforo do Museu dos Coches. Vemo-lo vermelho bastante antes de lá chegarmos. O sujeito do Audi nem trava.

Da direita, ao sinal verde, arranca um monovolume Peugeot com mãe e filha lá dentro. Assistimos a tudo como que em câmara lenta. O Audi arranca a parte da frente do Peugeot. Derrapa. Galga o passeio. Arranca meia dúzia ou mais de pilaretes do Jardim do Império. Acaba enrolado num poste numa verdadeira bola de chapa amarrotada. Vamos à Polícia, regressamos ao local, mãe e filha encontram-se bem. A miúda chora, a mãe está surpreendemente calma, provavelmente na sequência da sua presença de espírito que a fez olhar para a esquerda e travar a fundo, mesmo tendo prioridade. Ao longe, a uns 100 metros, a bola de chapa lá está, nem me atrevo a olhar para ela.

Começam a chegar Polícia, bombeiros, INEM, com alguma descoordenação devido à quantidade de autoridades ali presentes. O condutor do Audi também sobreviveu, apenas com um ou outro arranhão. O carro topo de gama deve ter-lhe salvado a vida. «Graças a Deus», diz a senhora do Peugeot. Aliviada pela sobrevivência deste homem que provocou o acidente, que esteve a meio metro de lhe ter destruído a vida e a família, mas que não viu o acidente em câmara lenta como nós vimos. Nunca terá noção do que poderia ter causado.

Fomos ver a casa nova, distraímo-nos durante algum tempo. Mas continua comigo a sensação de enjoo que me tomou ao fim da manhã.

PS: Relembro os meus tópicos de 06.11.07, 05.05.08 e 19.11.09.

2 comentários:

Mary disse...

Felizmente a P. e o V. vieram cá para casa a seguir ao almoço. Ainda deu para sair pelo meio, ir encomendar os papéis de parede, passear pelo Chiado... distrair-me, no fundo. Mas a verdade é que quando me deitei, à noite, o filme em câmara lenta voltou... e suspeito que não vá desaparecer tão depressa.

Vespinha disse...

Estamos na mesma... :(