19 de janeiro de 2010

Lamento, mas não consigo ficar calada

Em 2004, um presidente da República dissolveu um governo liderado por Pedro Santana Lopes. Em 2010, outro presidente da República (sim, do mesmo país...) decide condecorar a mesma pessoa pelas mesmas funções. Alegando que está a cumprir «um acto de justiça em relação aos portugueses que serviram o País».

Hoje, Pedro Santana Lopes foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, que distingue «destacados serviços prestados ao País». De acordo com o PR, para fazer justiça. Segundo a comunicação social, porque era o único primeiro-ministro que ainda não havia sido condecorado. Mas onde é que está escrito que ser primeiro-ministro (ainda por cima não diretamente eleito) traz uma faixa vermelha agarrada? E que destacados serviços prestou este senhor ao País, para além de ter sido uma verdadeira anedota e de nos ter feito rir e chorar tantas vezes?

Se eu algum dia tivesse sido agraciada (e só não o fui porque nunca fui primeiro-ministro...), sentir-me-ia embaraçada com esta condecoração. Tão embaraçada quanto orgulhosa por a mesma condecoração já ter sido atribuída a nomes como Aristides de Sousa Mendes, Lucas Pires, José Cutileiro, Freitas do Amaral, Alçada Baptista, Cavaco Silva, António Guterres, Ribeiro Telles, Sá-Carneiro, Mário Soares...

Comparável, não?

3 comentários:

Anónimo disse...

Tambem fiquei chocada com a hipocrisia...

Mary disse...

Não me parece que o mérito tenha alguma coisa a ver com o assunto (não pode!), é tipo standard procedure...

Vespinha disse...

É também isso que critico, uma condecoração destas começa asiim a tornar-se meramente protocolar...