9 de junho de 2010

Como Deus manda, de Niccoló Ammaniti

Tenho lido muito ultimamente, e tenho-me esquecido de vir aqui relatar o quê, mas este não posso deixar de recomendar. É violento, muito. Bastante cheio de palavrões também. Mas intenso como há muito tempo não me lembrava de ler algo, daqueles livros que me fazem resistir ao sono e, de manhã, ansiar pela hora de voltar a casa para continuar a ler. Com um ritmo rápido, com personagens agressivas mas humanas, capaz de me provocar riso, ternura e repulsa ao mesmo tempo. Um daqueles livros que, ao ler, imaginava em filme. Que entretanto descobri que já há.

Em resumo: numa pequena cidade italiana, um rapaz de 13 anos mora sozinho com o pai, um desempregado neonazi que vive de biscates, depois de a mãe os ter deixado. O pai tem dois amigos, um com problemas mentais e neurológicos obcecado por uma personagem de um filme porno, e outro também abandonado pela mulher depois de a filha ter morrido com uma tampa de champô entalada na garganta. Todos desempregados que um dia planeiam roubar uma caixa multibanco. Só que na noite combinada cai um temporal daqueles, que muda tudo.

Eu sei que parece tudo um bocado exagerado e até «faca na liga». Mas ao ler Como Deus manda, de Niccoló Ammaniti, parece tudo extremamente real. Tal como na vida real, as coincidências acontecem. E, tal como na vida real, muitas vezes as personagens sentem simultaneamente amor e ódio pelo próximo.

Ganhou o Prémio Strega, o mais importante prémio literário em Itália, onde a produção literária é muita e boa. Prémio também já atribuído a escritores como Alberto Moravia, Primo levi, Sebastiano Vassalli, Sandro Veronesi e Umberto Eco. Acho que não é preciso dizer mais nada.

5 comentários:

sininho disse...

o relato é feito pelo miúdo?
(já li o do lado ;))

Vespinha disse...

Nope... há um narrador não participante.

E o do lado, é bom? (estamos quase em sintonia!)

sininho disse...

não é bom, mas é bom para variar de estilo.

Vespinha disse...

Sim, um bom livro de transição... E sabes que estou a gostar? E sempre a pensar: O que será que ele vai inventar no próximo conto?

Marguerita disse...

Olá. Não poderia descrever melhor o que senti ao ler o livro. Consegui lê-lo nos dois primeiros dias de férias, mesmo controlando-me para não passar a noite agarrada a ele! Podia dar-me mais informações sobre o filme? É que também o li a imaginar como seria o filme...
Obrigada*
Marguerita

http://marguerita-marguerita.blogspot.com