16 de janeiro de 2011

A sala de vidro, de Simon Mawer


Uma casa moderníssima construída na Checoslováquia nos finais dos anos 20 por um arquitecto conhecido. A família que a encomendou e que a habitou durante 10 anos até ter de a trocar pelos EUA para fugir da perseguição nazi. Nos anos 40, a instalação de um laboratório de biometria para medir cores de pele, olhos e cabelo, estruturas ósseas, formas de maxilares, em busca do tipo judeu. No pós-guerra, a instalação de um centro de fisioterapia para crianças vítimas de poliomielite. Nos anos 60, a conversão em museu per si.
O livro de Simon Mawer narra de modo genial e cativante a história de uma geração através da história da «sala de vidro» e das pessoas que por lá passaram. A Casa Landauer fascinou-me, imaginei-a noites a fio (talvez por gostar tanto de arquitectura mas acho que não só...), os vidros enormes que desciam e abriam a sala para o jardim em declive, a parede de ónix, as colunas em aço que sustinham todo aquele espaço.


A «sala de vidro» hoje.
Hoje descobri que a Casa Landauer é de facto a Casa Tugendhat, de Mies van der Rohe. Situa-se em Brno, na actual República Checa, e mantém hoje praticamente as mesmas características de há 80 anos: moderna, espaçosa, luminosa. Grande parte do romance foi imaginado (apesar de a fuga da família ter sido real), mas a casa é descrita de modo exemplar. Depois de a imaginar tantas vezes, as fotografias que encontrei não me desiludiram. Para conhecer tudo aqui, no site da Villa Tugendhat.


Mies van der Rohe na «sala de vidro» em 1931.

Duas obras-primas, o livro e a casa.

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