24 de julho de 2011

A voz das vítimas



É a todos que aconselho a visita à exposição A voz das vítimas, na antiga cadeia do Aljube, bem perto da sé de Lisboa. Uma exposição extraordinariamente bem concebida, distribuída por 3 andares e que culmina na visita a uma reconstituição das gavetas ou curros, cubículos solitários e pequeníssimos onde os presos sofriam um castigo ainda maior do que o castigo que já tinham.

Durante quase 40 anos, ao Aljube viu ali entrar e sair dezenas de presos políticos, homens e mulheres para quem aquelas paredes eram apertadíssimas. Hoje, lá dentro, descobre-se as origens da cadeia, aprende-se sobre a tortura durante a ditadura, conhece-se histórias de fugas bem e mal sucedidas, sente-se o que seria passar um dia que fosse numa cela com 1 metro por 2, comunicando com os outros através de toques nas paredes na esperança de não deixar morrer a humanidade.

Pouco antes de sair, conheci um ex-detido, hoje talvez com uns 65 anos, que tinha sido preso por ter ido ao festival da juventude de Moscovo. Quando lhe perguntei se tinha estado preso nos curros, respondeu-me humildemente: «Sim, mas foram 15 dias, outros estiveram muito mais.»

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