2 de outubro de 2011

TEDxEdges Lisboa 2011: o meu balanço


Andei mais de um mês a alimentar grandes expectativas relativamente às TEDxEdges, as famosas talks feitas à semelhança (e cumprindo, à partida, as mesmas regras) das TED (Technology, Entertainment and Design). Eis o meu balanço de ontem:

 o local: fantástico, sem dúvida. A Fundação Champalimaud é um espaço cheio de possibilidades. Só conhecia o Darwin’s Café, mas o resto encheu-me ainda mais as medidas. Para além do auditório onde decorreram as TEDx, com um janelão gigante sobre o rio que se fecha sempre que necessário para as projeções, um auditório ao ar livre e um jardim interior de grandes dimensões são apenas algumas das infraestruturas que nos tiram o fôlego.

a organização: bastante boa, quase nada falhou. O check-in foi feito sem confusão. Os coffee-breaks, apesar da quantidade de gente, mantiveram sempre boas doses de comida, com uma variedade pouco comum (para além dos bolinhos de pastelaria tradicional e dos pastéis de Belém – verdadeiros e quentinhos –, não faltavam por lá iogurtes e grandes cestos com muita fruta). Já o almoço... confesso que gosto do conceito da Go Natural, mas darem-nos saquinhos com a marmita para depois nos sentarmos no chão algures onde encontrássemos uma sombra não foi lá muito confortável.

os horários: a agenda era apertadíssima, com 24 speakers ao longo do dia. Da parte da manhã cumpriu-se tudo à risca. Da parte da tarde, descambou um bocado. Para além de ter começado antes (!!) da hora – julgo que por estar tudo fartíssimo das 2 horas de almoço em que já ninguém sabia o que fazer nem em que posição sentar-se no chão –, acabou depois do previsto, julgo que por culpa do «momento musical» de que falarei no próximo ponto.

 os momentos musicais: eu fui às TEDx para ouvir pessoas interessantes a falar, não para assistir a variedades em que senti que estavam a gozar comigo. O primeiro momento, logo a abrir, com duas raparigas a tocar guitarra e uns sininhos como se estivessem no grupo de jovens da igreja. Eu até percebo que em hospitais e lares funcione (aliás, é o que costumam fazer), mas naquele contexto, poupem-me. O segundo, a abrir a parte da tarde, noutro estilo mas não melhor: três mascarados de camponeses de Trás-os-Montes a misturar música tradicional com música electrónica. Sem palavras.

as talks: afinal, foi para isto que lá fui, para ouvir pessoas a falar de coisas que as inspiram, de modo entusiasmado e com uma boa capacidade de comunicação. Dos 24 speakers, globalmente gostei bastante de três: Ricardo Diniz, velejador; João Lopes Marques, jornalista; e José Cabral, o blogger do Alfaiate Lisboeta. Achei dois interessantes, pela exposição e não tanto pelo tema: Francisco Fonseca, que falou sobre spam; e Jorge Buescu, sobre a utilidade e inutilidade da Matemática. E ainda outros cinco, mais pelo tema do que pela exposição: David G. Santos, sobre o ultra-ateísmo; Luís Valença Pinto, sobre perspetivas positivas de encarar o mundo; João Nogueira Santos, sobre a cidadania e a importância da filiação nos partidos; Ana Mourão, sobre a aplicação das leis de Newton à travagem de veículos; e Marina do Vale, sobre as doenças cardiovasculares e a sua predisposição nos fetos. Os outros catorze, ou leram os textos que levavam sem levantar os olhos do papel, ou tinham um inglês (ou uma pronúncia) sofrível ou, simplesmente, não tinham jeito nenhum para aquilo (com alguns, confesso, até me senti incomodada e com vergonha alheia). O que eu não percebo. Porque o conceito das TED é precisamente dar a conhecer bons comunicadores que explicam de modo simples assuntos por vezes complicados. Nas TED, muitas vezes a forma é mais importante do que o conteúdo, porque sem uma boa forma o conteúdo não chega a quem tem de chegar. Num evento com tantos meses de preparação, o casting podia ter sido melhor, ou, em alternativa, deviam ter sido feitos ensaios intensivos com cada um dos speakers. O que não me parece que tenha acontecido. E para quê fazer as talks em inglês? Se é para as colocar online podem levar legendas... É que o inglês limitou tanto uma série de speakers...

Se voltarei numa próxima edição? Não sei.

PS: Num dos intervalos experimentei o Nissan Leaf, o automóvel elétrico que referi há uns meses. Maravilhoso silêncio.

4 comentários:

Hugo Tavares disse...

Identifico-me imenso com os comentários que fizeste. Gostei de speakers diferentes, mas partilho completamente a tua opinião sobre a escolha do inglês: limitou imenso o chef Nuno e o Artur Arsénio, por exemplo, que teriam feito palestras muitíssimo mais interessantes em português. Ainda para mais, tirando o inglês do Camilo Lourenço, os 3 apresentadores não dominavam, nem pouco mais ou menos, a língua (ou então estavam demasiado nervosos). Quase me encolhia a cada calinada dada...

Enfim, mas no geral, diria que valeu a pena, apesar de ter mais expetativas.

Vespinha disse...

Sim, tens razão, se calhar o chef Nuno teria sido bem melhor, assim foi quase constrangedor... Já agora, quais foram os teus preferidos?

Anónimo disse...

Sempre podia ter dado um saltinho ao stand do LILIREVIEWS e dar uma volta no simulador :P
Boa crítica

Vespinha disse...

Pois não dei por ele... mas já fui agora espreitar o site, e acho que vou espreitar mais vezes.