30 de dezembro de 2016

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Talvez este aniversário que agora completo tenha sido o ano mais importante da minha vida. Por um lado, porque esteve prestes a ser o último. Por outro, porque acabou por ser o primeiro do resto da minha vida, aquela em que finalmente me completo como mãe e que espero que dure uns largos e bons anos.

29 de dezembro de 2016

Não amamentar

Pelas circunstâncias do parto das minhas filhas e das complicações que sofri de seguida, foi claro desde muito cedo que não poderia amamentar. À parte alguma tristeza por não o poder fazer e ter de aguentar alguns olhares interrogadores quando dizia que não o fazia sem explicar porquê, houve a parte financeira, algo em que pouca gente pensa. Assim, entre o mês 2 (quando se instalaram definitivamente em casa) e o mês 5 (quando começaram a diversificar mais a sério a alimentação), muito leite de lata se consumiu cá em casa, comprovado pelas colheres medidoras (e sem contar com mais uma meia dúzia consumidas em casa da minha mãe) que fui guardando:


Estão aqui 27 colheres de leite Nan 1, consumido pelas duas em cerca de quatro meses. Cada lata custa cerca de €13 (um pouco mais, mas variável de local para local), o que significa que foram gastos €351 só em leite. Curioso é que o Nan 1, o mais necessário e procurado, é o mais caro (o Nan 2 desce consideravelmente de preço) e nunca alvo de promoções. Dizem que para incentivar a amamentação e desmotivar a alimentação com leite artificial. Só me apetece chamar nomes a não sei quem.

27 de dezembro de 2016

Ser mãe de gémeas é... #15

... dizer que me parece que a Maria será muito mais espalha-brasas e distraída mas que, por outro lado, a Maria será muito mais sossegada e atenta. E só me aperceber do que disse se me chamarem a atenção de que no primeiro caso estava a falar da Luísa.

26 de dezembro de 2016

O Natal com elas

Toda a gente me disse que este Natal seria especial por termos a Luísa e a Maria connosco, mas a verdade é que a ideia era um pouco romântica. Em primeiro lugar, elas dormiam profundamente no momento da abertura dos presentes (com seis meses, não queriam outra coisa). Em segundo lugar, a bronquiolite de que só agora estão a recuperar deu-me direito a uma camisola toda vomitada devido à tosse ainda antes de jantarmos. Por último, o máximo que consegui que elas vestissem de roupa "de Natal" foram os pijamas em xadrez.

Parte não romântica à parte, a verdade é que este ano terei sido a pessoa da família a abrir mais presentes (os delas), e que anseio por daqui a um ano poderem ser elas a fazê-lo, nem que seja pelo prazer de rasgarem os papéis. E saber que num ano elas se transformaram de algo tão vago em algo tão concreto e digno de amor encheu-me a alma.

Para a posteridade ficam algumas fotos um pouco agitadas.

23 de dezembro de 2016

O tempo em mim


No dia 3 de janeiro regressarei ao trabalho. Deixei de trabalhar no dia 1 de abril, há 9 meses. Pelo meio, o meu mundo mudou muito: transformei quase totalmente a casa, fui internada, as bebés nasceram, eu fui operada, tive uma recuperação longa para mim e curta para os médicos, sei que certas coisas nunca mais poderei fazer e que outras farei para sempre, tenho um carro novo, os meus pais e irmãos são pessoas novas, as bebés estão a crescer e até já andam na escola, ri muito e chorei mais ainda, descobri que sou mais fraca do que pensava numas coisas e mais forte noutras.

Tudo isto em 9 meses. Parece que foi ontem que saí do escritório com a ideia de que voltaria outra pessoa. Mal sabia eu quão diferente seria essa pessoa.

22 de dezembro de 2016

Zero K, de Don Delillo

Don Delillo é aquilo que se pode chamar de "escritor moderno", pelos temas que escolhe para os seus livros, como os meios de comunicação, a guerra nuclear, o terrorismo global, a era digital. Nunca tinha lido nada dele, mas este Zero K atraiu-me. O grande tema é a criopreservação de corpos em final de vida por longevidade ou doenças incuráveis para um dia poderem ser "descongelados"e curados.

É um livro estranho, muito estranho. Jeffrey Lockhart é filho de um milionário investidor numa empresa de adiamento da morte. Ao visitar a sede, localizada algures num cenário gelado presumivelmente na Rússia, descobre que a sua madrasta é uma das pessoas que recorrerá às técnicas de preservação dos corpos. Durante dias, antes da despedida final, percorre corredores vazios cheios de portas que abrem e não abrem, depara com pessoas que não parecem pessoas, com ecrãs que saem do teto para mostrar desgraças como incêndios, guerras, inundações, pragas, terrorismo, reflete com o pai sobre a imortalidade e a vida humana.

Não é um livro fácil nem linear, mas é uma interessante incursão na obra de Delillo e aguça a curiosidade para conhecer mais uns tantos.

21 de dezembro de 2016

Ser mãe de gémeas é... #14

... ouvir quase diariamente a pergunta: "São gémeas?" E apetecer responder: "Não, são primas mas são muitíssimo parecidas."

20 de dezembro de 2016

Agnus Dei - As inocentes, de Anne Fontaine

Durante as guerras, muitas atrocidades se cometem, mas há umas mais visíveis do que outras. É o caso do retratado neste filme franco-polaco. No inverno gelado após o final da II Guerra Mundial, após a vitória dos Aliados, começam a vir ao de cima as atrocidades que o exército soviético deixou para trás ao atravessar a Polónia.

Num convento isolado, uma série de freiras começam a aparecer grávidas, fruto de repetidas violações de que foram vítimas. Os partos acabam por ser secretamente assistidos por uma missionária da Cruz Vermelha, no meio de muita vergonha, brutalidade e sofrimento.

Sem mostrar muito, este filme transmite sentimentos muitos fortes: de revolta, de injustiça, de solidão, de devastação, de angústia, de impotência.

Não é um filme violento, é um filme triste e muito bom

19 de dezembro de 2016

O coração fora do corpo

Há anos, uma amiga, ao ser mãe pela primeira vez, descreveu-me a sensação como a de ter o coração fora do corpo. Tenho pensado muito nisso nos últimos meses, mas nunca como agora, quando as bebés começam com as doenças das crianças e pouco posso fazer por elas, senti isso. É angustiante. E eu só tenho um coração. E elas são duas.

(Esta foto não é das minhas.)

16 de dezembro de 2016

Do roubo por absoluta necessidade

Ontem fui ao Jumbo comprar leite para as bebés e pela primeira vez vi as latas dentro de umas caixas de plástico invioláveis, parecidas com as que costumam conter DVD e CD nas grandes superfícies. Na caixa de pagamento, perguntei porque estavam assim as latas: "Porque é das coisas mais roubadas." Leite. Fez-me impressão.

14 de dezembro de 2016

Ser mãe de gémeas é... #13

... não conseguir evitar comparar o peso de uma com o de outra, quem come mais e quem come menos, quem faz ou não faz cocó num determinado dia.

12 de dezembro de 2016

9 de dezembro de 2016

Gene Brown e as cores

Estou apaixonada por estas paisagens estilizadas. São de Gene Brown, um designer norte-americano que se especializou nestas pinturas com tinta acrílica. Gosto muito.






6 de dezembro de 2016

Ser mãe de gémeas é... #11

... achar que sei distingui-las perfeitamente até um dia dar o leite a uma pensando que estava a dá-lo a outra (a culpa não é minha, é de nesse dia estarem vestidas igual!).

5 de dezembro de 2016

Behind closed doors, de B. A. Paris

Gostei da sinopse, sobre um casamento que em nada parece o que é. Jack e Grace parecem feitos um para o outro... perante os outros. Na privacidade, ela está prisioneira dele a todos os níveis, física e psicologicamente. Não porque ele tenha uma obsessão por ela, como em casos parecidos, mas porque ela tem uma irmã com síndrome de Down. Mais não posso revelar.

Não é de todo um We need to talk about Kevin, um Gone girl ou um A rapariga no comboio, que são completamente twisted. Mas é um bom thriller, prende muito e tem um final relativamente inesperado. Não dou por perdidas estas horas de entretenimento.

2 de dezembro de 2016

Primeiro Natal com as bebés

Eu já gostava do Natal, mas este ano foi com outro gosto que fiz a árvore de Natal e decorei a casa, sob o olhar daqueles quatro olhinhos a brilhar.