28 de fevereiro de 2018

Linha fantasma, de Paul Thomas Anderson

Este é supostamente o último filme de Daniel Day-Lewis, segundo o próprio, e se terminar por aqui termina muito bem.

O filme passa-se algures na Londres dos anos 50, quando as grandes casas de alta costura se começaram a evidenciar. E logo aqui torna-se bastante interessante, com uma boa caracterização da época e da indústria, e uma grande atenção dada aos pormenores.

Reynolds Woodcock é um dos costureiros eminentes, desenhando vestidos para os grandes vultos da elite europeia e gerindo uma das mais afamadas casas em conjunto com a sua irmã. É um solteirão, que no entanto se vai rodeando de musas, à vez, na inspiração para a criação das suas peças. Um dia, conhece Alma, uma empregada de mesa por quem se apaixona e que toma como a sua nova musa. Poderia ser apenas mais uma, mas não é.

Alma é forte e, ao descobrir o ponto fraco de Reynolds, desenvolve com ele uma relação doentia (no verdadeiro sentido do termo) que lhe permite ganhar ascendente sobre ele. E não posso dizer muito mais. Apenas de que gostei bastante: da história, das interpretações, da música, da fotografia.

27 de fevereiro de 2018

Proud of my girls!

O contacto da Luísa e da Maria com as tecnologias tem sido muito escasso. À televisão não ligam, talvez porque, sendo duas, têm mais com que se entreter. Garanto que, nestes quase 21 meses, nunca, mas nunca, as vi a olhar para a televisão atentas durante mais de 2 minutos seguidos, e não é por eu as proibir de ver, mas porque não demonstram interesse.

O telemóvel é só para dizer olá ao avô ou à avó, nunca andaram com ele nas mãos. No iPad também não tocam, e eu própria evito usá-lo à frente delas. Uso-o de vez em quando para lhes mostrar fotografias da família e dos amigos, mas é mesmo muito de vez em quando.

No fim de semana passado pensei em mostrar-lhes um vídeo do YouTube com animais, mas foi mesmo só uma intenção. Porque, assim que as sentei ao meu lado para lhes mostrar as imagens, viraram-me costas e foram buscar um livro para verem comigo. Orgulho!

26 de fevereiro de 2018

A forma da água, de Guillermo del Toro

7 nomeações para os Globos de Ouro. 13 nomeações para os Óscares, incluindo as de melhor filme, melhor atriz principal e melhor argumento original. E eu não recomendaria este filme a ninguém.

Elisa, uma empregada de limpeza muda que trabalha numa espécie de laboratório secreto, apercebe-se de que ali é mantida uma criatura da água, envolvida em testes experimentais e que se prevê que em breve seja destruída. Vivendo uma vida sem história, Elisa enceta contactos com a criatura, acabando por se apaixonar por ela e por, com a ajuda de mais duas pessoas, tentar salvá-la do seu destino.

Tudo isto se passa algures na América dos anos 60, num ambiente soturno que foi a única coisa em que vi algum interesse. Porque da história não gostei nada. Julgava que ia ver um filme com uma história de amor inocente entre um ser humano e uma criatura anfíbia, e vim de lá com uma sensação de ter sido testemunha de uma relação viscosa, quase libidinosa. Para tal contribuiu o ar de falsa ingénua de Sally Hawkins e a caracterização talvez demasiado humana da criatura. Na verdade, cheguei a sentir repulsa.

Gostava de conhecer outras opiniões.

23 de fevereiro de 2018

22 de fevereiro de 2018

A queda, de Albert Camus

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Pode ser uma blasfémia a minha opinião acerca deste livro, mas o facto é que não gostei assim tanto, e eu sei porquê: não estava preparada, nesta fase da minha vida, para um livro existencialista.

Este A queda é um clássico de Camus, classificado por muitos como o seu melhor livro. Apesar de ser um livro bastante pequeno, custou-me imenso lê-lo e concentrar-me, ficando muito pouco gravado na minha memória.

Todo o livro é um monólogo dirigido a um desconhecido por um ex-advogado parisense. Narrado numa sequência de noites tendo como pano de fundo uma soturna Amesterdão, é focado no julgamento que fazemos dos outros e de nós próprios. Jean-Baptiste confessa-se, começando por se gabar de sempre ter ajudado os outros, desconhecidos na rua e clientes, demonstrando a sua capacidade de piedade, e de sempre ter tido sucesso com as mulheres, apesar de nunca ter gostado de nenhuma. Até dois episódios na sua vida o terem marcado, levando-o a uma vida de álcool e prostitutas.

É esta queda no abismo que é retratada, por um homem que ao tentar penitenciar-se está afinal a vangloriar-se e a glorificar-se.

21 de fevereiro de 2018

A velhice da Vespinha

Eu bem sei que a Vespa Gata e a TT já estão quase a fazer 15 anos, mas o seu envelhecimento é algo com que não me consigo conformar. Há cerca de quatro meses comecei a notar a Vespinha a emagrecer, e levei-a ao veterinário para fazer exames. Fez-se tudo e mais alguma coisa, e foi nas análises mais profundas que se revelou o início de uma insuficiência renal, além de estar carregada de artroses. Entretanto, descobriu-se que a isso se soma hipertiroidismo. Desde aí, a Vespinha tem tomado medicação duas vezes ao dia e alterei a sua alimentação, mas continua extremamente magra, apesar de comer, beber e fazer as suas necessidades. Está, literalmente, metade.

Por um lado, grande parte do tempo ainda faz a sua vida normal, mas é terrível para mim saber que a tendência nunca será uma melhoria.

Elas, a Vespa e a TT, fazem parte da minha família e já estão ao meu lado há mais de um terço da minha vida, tendo acompanhado os momentos bons e os momentos maus.

Custa muito, muito. Não estou preparada para isto.

20 de fevereiro de 2018

Bond à portuguesa

Abstraiam-se da letra e foquem-se na música, logo desde os primeiros acordes. E digam lá se não poderia ser uma música do genérico do James Bond.


15 de fevereiro de 2018

Três homens num barco, de Jerome K. Jerome

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Nem sempre é bom reler um livro. Li pela primeira vez este Três homens num barco em 2011 e adorei o livro, como se pode ler aqui. Ri-me imenso das personagens, das histórias, do modo como são contadas. Por isso agora, com a saída desta nova edição e de Três homens numa viagem (que também já tenho para ler), quis passar pela mesma experiência.

Não posso dizer que não gostei, de todo, continuo a achar piada à ingenuidade daqueles três amigos e às alhadas em que se envolvem. Mas a magia da primeira leitura, da descoberta, já não existe. Se há 7 anos classificara o livro com 4 estrelas, hoje dar-lhe-ia 3.

Em suma, não regresses ao lugar onde já foste feliz, pois ainda que seja o mesmo, para ti já não é o mesmo.

14 de fevereiro de 2018

Novo vício

Sou muito permeável a ficar «viciada» em jogos e passatempos, sejam eles digitais ou não. Nos últimos anos, que me lembre, foi o Candy Crush, os livros de unir os pontos, o 2048, o Farm Heroes, o Loop, o Word Connect... Pego naquilo e depois «é só mais um», até que me apercebo de que já passaram 30 ou 40 minutos e não fiz mais nada. E largo um vício quando conheço outro, sendo que há alguns a que volto de vez em quando, como o Farm Heroes ou os livros de unir os pontos.

A minha última descoberta é o Pigment, que não é um jogo mas uma aplicação para pintar desenhos. Nunca tive muito paciência para os livros de pintar, mas no iPad é outra coisa: não ficamos com dores nos dedos, podemos enganar-nos uma data de vezes e a variedade é melhor. O Pigment está dividido por temas ou tipologias de desenho, alguns pagos, mas diariamente há um grátis. As paletas de cores são giríssimas, podemos escolher várias técnicas de pintura e sim, é verdade que quando estamos naquilo não pensamos em mais nada.

9 de fevereiro de 2018

Do Carnaval na escola

Hoje saí da escola com a sensação de que tinha deixado as miúdas na aldeia dos macacos. Ainda nem tinha chegado à sala delas quando uma mãe se cruza comigo e me pergunta com ar incrédulo: Elas não vêm mascaradas? (traduzido: Que mãe é a senhora que não perdeu a semana a tratar das máscaras que queria que as suas filhas usassem apesar de elas nem sequer perceberem o que está a acontecer?). Lá lhe explico que elas ainda não ligam ao Carnaval, que para o ano já deverão ir mascaradas, que enquanto não for necessário passo a vez...

Chego à sala e deparo-me com um cenário um bocado assustador: os miúdos das salas de 1 e 2 anos todos juntos, palhaços, diabos, princesas e homens-aranha aos berros e aos pulos, dois coelhos gigantes a receber as crianças (= as educadoras). Levaram logo a Luísa para lhe tirarem o casaco, enquanto a Maria ficava à espera, parada no meio da confusão a olhar à volta com um ar entre o espantado e o incrédulo.

Viro costas e venho-me embora, com vontade de as trazer comigo. Provavelmente até se estão a divertir muito, eu é que fiquei com medo. Muito.

6 de fevereiro de 2018

Murros no estômago

Seria assim que classificaria este tipo de campanhas publicitárias, a que ninguém consegue ficar indiferente.

Contra o tabagismo junto de crianças.
Sobre quem pode estar do outro lado de um teclado.
Sobre enviar e ler sms enquanto se conduz.

Sobre a violência doméstica.
Sobre a partilha de imagens nas redes sociais.
Sobre a produção crescente de resíduos.

5 de fevereiro de 2018

Proibido!, de António Costa Santos

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Tinha grandes expectativas em relação a este livro, algumas das quais não se cumpriram. Não posso dizer que não gostei, porque encontrei muitas coisas curiosas (a proibição de usar isqueiros, por exemplo, para animar a indústria fosforeira, ou a proibição de jogar às cartas no comboio). Mas também passei por outras que não me espantaram, como a proibição de publicar e ler/ver alguns livros ou filmes, ou de as mulheres irem à igreja com a cabeça descoberta. Nestes casos, o interesse vai mais para os motivos que levaram a essas proibições do que às proibições propriamente ditas.

Curioso, para mim, foi saber das «proibições» atuais, as que o são e as que não o são. Conduzir em tronco nu e de havaianas dá direito a multa? Pois não dá, tal não está escrito em qualquer passagem do código da estrada. Plantar árvores de fruto ou plantas que se possam usar na alimentação no cemitério? Em Borba é proibido. E em Pampilhosa da Serra, os comerciantes do mercado não podem «estar deitados ou sentados sobre as bancas, ou sobre os géneros expostos à venda». Coisas que não lembram ao diabo!

Em suma: é interessante mas podia ter ido muito mais longe, quer nas proibições de outros tempos quer nas atuais.

1 de fevereiro de 2018

Domino's Pizza, chega

Chega de demorarem uma eternidade a fazer entregas, com o cliente sempre sem saber se vai ou não conseguir jantar. É que as entregas em casa são supostamente para ter comodidade, e não para criar ansiedade.

Chega de se desculparem de que o site não acompanha a evolução da encomenda. Se não acompanha, retirem de lá a barra de status, assim pelo menos não criam falsas expectativas.

Chega de cada vez porem menos quantidade de ingredientes nas pizas, até quase parecer ridículo. A piza Festim de queijos passou de uma festa a uma lástima. E fria e seca, ainda por cima.

Nenhuma promoção de 50% de desconto justifica isto. E há mais pizarias na Terra. Acabou.